POR: Vitória Alonso Florentino – 9º ano C – (CA/UFSC)
Despedidas com toda a certeza não são o meu forte. Elas me deixam triste e até mesmo um pouco irritada. Acho que eu ainda não estou pronta para parar de escrever sobre o livro Feliz Ano Velho, querendo ou não eu me apeguei a tal obra, eu ri junto com as brincadeiras do Marcelo, dei altos sermões sobre feminismo e capacitismo e principalmente tive uma empatia enorme não só com o acidente, mas também com a perda que ele teve ao ter seu pai assassinado. Sei que pode parecer maluquice, mas já me sinto uma amiga ou até mesmo um parente distante.
Mas mesmo tendo me apegado tanto a obra, confesso que o final foi uma grande decepção, acho que não sou só eu que não sei como terminar autobiografias direito (eu sei que me comparar a ele foi muito desnecessário, até porque ele é um escritor de verdade e eu uma mera estudante que fez um trabalho de português), mas como eu não sou o tipo de pessoa que julga por qualquer motivo sem nenhum argumento com o mínimo de embasamento, eu vou dar a minha querida opinião.
Eu, particularmente, não gosto de histórias que no final voltam para o início, da primeira vez que eu vi esse formato, eu achei interessante, realmente intrigante, porque você não espera isso, assim como, em algumas obras de ficção todas as aventuras vividas pelo personagem principal foram apenas sonhos. Mas com um tempo esses finais passaram a ser muito utilizados, podemos dizer que eles até mesmo ficaram “gastos” o que antes era algo inesperado, hoje em dia é o primeiro final que imaginamos.
Bom, acho que como esta é a minha última vez escrevendo sobre essa história eu posso escrever um pouco sobre os aspectos que eu achei mais importantes e que me chamaram a atenção.
Mas antes, como promessa é dívida, eu vou falar um pouco sobre o machismo presente no livro do Marcelo Rubens Paiva.
Quando eu estava lendo a parte em que Marcelo fala extremamente mal da sua enfermeira particular, eu fiquei extremamente decepcionado com ele, porque no livro todo ele me passou uma mensagem de um homem quase inteiramente desconstruído, mas no momento em que uma mulher um pouco fora do padrão de beleza e dos conceitos de feminilidade, ele muda completamente. Foi aí que eu comecei a notar as descrições que o Marcelo faz para os homens e as que ele faz para as mulheres, se você ler depressa, nem nota o quanto as descrições das amigas, e antigas paqueras, são extremamente sexualizadas.
Assustei-me muito ao não ter percebido antes, o machismo realmente está muito enraizada na gente, mesmo nos julgando feminista a gente também esta propensa a ser machista em algumas ocasiões. Isso é errado? De certa forma sim, mas não podemos ficar nos culpando por algo que fomos ensinadas, o importante é perceber o erro, e tentar melhorar cada vez mais.
Certo, agora vou falar um pouco sobre a obra por completo. Começando pelo começo (ksks), eu disse e repito, eu simplesmente adoro o jeito que o Marcelo ao mesmo tempo em que trás uma excelente narrativa sobre o que está acontecendo naquele “presente”, ele conta ao mesmo tempo muito sobre a vida dele, através de Flashs Backs acho que justamente por isso eu me senti tão próxima do autor (engraçado, achei que o que mais nos uniria seria que os dois são pessoas com deficiência).
Agora falando sobre a deficiência dele em si, ele relata muito bem o como alguém que adquiriu uma deficiência ao longo da vida, uma experiência que eu não vivi, já que tenho minha deficiência de nascença. Mas com os relatos dele e com outros relatos, consigo entender um pouco, tanto a dificuldade de se re-acostumar, quanto a vontade de fazer diferente, de não beber tanto, de não saltar naquele laguinho ou ter saltado em pé.
As minhas idéias sobre esse livro ainda estão muito aéreas, mesmo que eu já havia lido o livro anteriormente, o exercício de reler um livro é muito raro, pois detalhes antes perdidos agora vêm a tona e se tornam essenciais. Mas uma certeza eu tenho, Feliz Ano Velho é um livro que ficará muito marcado na minha história, é até engraçado pensar, mas essa autobiografia algum dia poderá fazer parte da minha biografia.
me desculpe pelo texto extremamente grande (nem tanto mas OK), mas eu extrapolei um pouco dos limites que eu me impus para que os textos não ficassem chatos e muito longos, justamente por ser a última vez que eu escreveria sobre esse livro.
Esse foi meu ultimo diário de leitura sobre essa obra por enquanto (não podemos afirmar nada, pois não sabemos do futuro)
Um abraço virtual para todos, e até o próximo texto.
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