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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Desafio 04

 

POR: Vitória Alonso Florentino – 9º ano C – (CA/UFSC)

 

Ø  “Era um prédio típico da época em que vivíamos, a ascensão da classe média no Brasil (para nós, a decadência da burguesia). Fachada em estilo colonial, como outros quinhentos em São Paulo. Tinha até uma piscina no térreo (de meio metro, mas tinha). Salão de festas, salão de jogos (com uma mesa minúscula de snooker). O apartamento era grande: quatro quartos, uma sala espaçosa que tinha até terraço (só cabiam duas pessoas, mas era terraço). Enfim, tinha todos os elementos de um edifício chique, pra gente com renda não muito chique.” (pág.180)

 

Eu escolhi esse parágrafo, porque ele relata muito bem o como todos querem mostrar-se para a sociedade como ricos. O exemplo que Marcelo dá com o próprio apartamento é muito válido, porque, ao mesmo tempo em que ele tinha piscina, sala de jogos, terraço, etc... A qualidade dos mesmos era tão baixa, que nem poderia ser considerado aquilo que era nomeado.

E é aí que fica o meu questionamento, essas coisas são realmente necessárias, ou servem apenas para mostrar os status das pessoas?

 

Ø  “A ladeira da Eugênio de Lima foi suave. Cada esquina, cada poste era uma curtição. Entramos na Estados Unidos. Tomamos a direção de Pinheiros, onde a maioria dos meus amigos morava. As pessoas se assustavam um pouco com aqueles ferros no meu pescoço, e em cada sinal vermelho era aquele festival de curiosos (imaginem se eles soubessem como eu estava).” (Pág. 188-189)

Eu particularmente me identifiquei muito com esse parágrafo, sei bem como é ter um monte de pessoas olhando para você. Eu entendo que não é normal ver uma pessoa com “ferros no pescoço”, mas não é só por causa disso, que aquela pessoa virou uma atração, nós deveríamos aprender a tratar com normalidade quando nos deparamos com alguém diferente.

 Parece que mesmo que já estejamos cansados do discurso de “todos somos diferentes” ou “o normal é ser diferente”, quando somos colocados a prova dessas frases, esquecemos de tudo, e continuamos olhando de maneira assustada ou pejorativa, aqueles que julgamos “anormais”.

Ø  “Achei um barato essa conquista do espaço urbano. Na realidade, os muros não são de ninguém. A propriedade é uma forma de capitalizar a natureza que o imbecil do ser humano inventou. Os muros, então, pra que servem os muros? Pra impedir ladrões? Sim. Para garantir a privacidade? Sim. Mas servem também para acabar com o direito natural do ser – humano animal de ir e vir (um direito inclusive constitucional). Já imaginou se a onda de construir muros pega também na zona rural? Nós acabaremos por conhecer somente as ruas e as estradas. Que direito tem um cidadão de tapar a visão e o usufruto da natureza? É, Marcelo, você é um sonhador. Está mais óbvio para a humanidade que a natureza se compra e passa a ser particular. Os marcianos rirão de nós um dia, ao saberem que nosso planeta é um grande quebra-cabeças de proprietários. Restam-nos os parques e praças públicas.” (pág. 189)

 

Esse parágrafo me causou uma grande reflexão, Marcelo faz muitos questionamentos sobre o que deveria ser público e o que deveria ser privado, e eu concordo plenamente com o que ele disse.

E foi aí que eu pensei nos povos originários, se pararmos para pensar, eles sãos reais donos de todas as terras Brasileiras. Se fosse para alguém receber o dinheiro das terras que hoje estão sendo vendidas são eles. O que me faz pensar que, o lugar onde vivemos, e onde construímos nossos muros, são terras roubadas, indignas. E mesmo assim, tem pessoas que tem a coragem de falar que os indígenas não tinham que ter terras reservadas, ou que essas terras são favores, sendo que na verdade, nossas casas estão em cima de terras que foram emprestadas a nós, nós deveríamos agradecer a essas pessoas.

As vezes eu me assusto como algumas pessoas tentam apagar a história, só para que elas consigam mostrar seu poder através de muros.


é isso por hoje, um abraço virtual para todos, e até o próximo texto.

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