POR: Vitória Alonso Florentino –
9º ano C – (CA/UFSC)
Ø “Era
um prédio típico da época em que vivíamos, a ascensão da classe média no Brasil
(para nós, a decadência da burguesia). Fachada em estilo colonial, como outros
quinhentos em São Paulo. Tinha até uma piscina no térreo (de meio metro, mas
tinha). Salão de festas, salão de jogos (com uma mesa minúscula de snooker). O apartamento era grande:
quatro quartos, uma sala espaçosa que tinha até terraço (só cabiam duas
pessoas, mas era terraço). Enfim, tinha todos os elementos de um edifício
chique, pra gente com renda não muito chique.” (pág.180)
Eu escolhi esse parágrafo, porque ele
relata muito bem o como todos querem mostrar-se para a sociedade como ricos. O exemplo
que Marcelo dá com o próprio apartamento é muito válido, porque, ao mesmo tempo
em que ele tinha piscina, sala de jogos, terraço, etc... A qualidade dos mesmos
era tão baixa, que nem poderia ser considerado aquilo que era nomeado.
E é aí que fica o meu questionamento,
essas coisas são realmente necessárias, ou servem apenas para mostrar os status
das pessoas?
Ø “A
ladeira da Eugênio de Lima foi suave. Cada esquina, cada poste era uma curtição.
Entramos na Estados Unidos. Tomamos a direção de Pinheiros, onde a maioria dos
meus amigos morava. As pessoas se assustavam um pouco com aqueles ferros no meu
pescoço, e em cada sinal vermelho era aquele festival de curiosos (imaginem se
eles soubessem como eu estava).” (Pág. 188-189)
Eu particularmente me
identifiquei muito com esse parágrafo, sei bem como é ter um monte de pessoas olhando
para você. Eu entendo que não é normal ver uma pessoa com “ferros no pescoço”,
mas não é só por causa disso, que aquela pessoa virou uma atração, nós deveríamos
aprender a tratar com normalidade quando nos deparamos com alguém diferente.
Parece que mesmo que já estejamos cansados do
discurso de “todos somos diferentes” ou “o normal é ser diferente”, quando
somos colocados a prova dessas frases, esquecemos de tudo, e continuamos
olhando de maneira assustada ou pejorativa, aqueles que julgamos “anormais”.
Ø “Achei
um barato essa conquista do espaço urbano. Na realidade, os muros não são de
ninguém. A propriedade é uma forma de capitalizar a natureza que o imbecil do
ser humano inventou. Os muros, então, pra que servem os muros? Pra impedir
ladrões? Sim. Para garantir a privacidade? Sim. Mas servem também para acabar
com o direito natural do ser – humano animal de ir e vir (um direito inclusive
constitucional). Já imaginou se a onda de construir muros pega também na zona
rural? Nós acabaremos por conhecer somente as ruas e as estradas. Que direito
tem um cidadão de tapar a visão e o usufruto da natureza? É, Marcelo, você é um
sonhador. Está mais óbvio para a humanidade que a natureza se compra e passa a
ser particular. Os marcianos rirão de nós um dia, ao saberem que nosso planeta
é um grande quebra-cabeças de proprietários. Restam-nos os parques e praças
públicas.” (pág. 189)
Esse parágrafo me causou uma
grande reflexão, Marcelo faz muitos questionamentos sobre o que deveria ser
público e o que deveria ser privado, e eu concordo plenamente com o que ele
disse.
E foi aí que eu pensei nos
povos originários, se pararmos para pensar, eles sãos reais donos de todas as
terras Brasileiras. Se fosse para alguém receber o dinheiro das terras que hoje
estão sendo vendidas são eles. O que me faz pensar que, o lugar onde vivemos, e
onde construímos nossos muros, são terras roubadas, indignas. E mesmo assim,
tem pessoas que tem a coragem de falar que os indígenas não tinham que ter
terras reservadas, ou que essas terras são favores, sendo que na verdade, nossas
casas estão em cima de terras que foram emprestadas a nós, nós deveríamos agradecer
a essas pessoas.
As vezes eu me assusto como
algumas pessoas tentam apagar a história, só para que elas consigam mostrar seu
poder através de muros.
é isso por hoje, um abraço virtual para todos, e até o próximo texto.
Sem comentários:
Enviar um comentário